sábado, 3 de abril de 2010

Nos Cinemas: O Livro de Eli (The Book of Eli, 2010)


"Ótimo filme, com final previsível"


O cinema pós-apolíptico vem se tornando uma das mais interessantes abordagens de Hollywood; dentre elas, o mais recente "2012", ou "Eu Sou a Lenda".

Mas O Livro de Eli, até então, é o mais impressionante, e bem filmado de todos eles.

É um filme opaco e sem cores.

Pouco chamativo, e com falas reduzidas.

Mas vai, lentamente, chamando a atenção do espectador, e deixando-o cada vez mais encafifado com as revelações.

Num mundo completamente destruído pelo aquecimento global, Eli (Denzel Washington, de Dejávù) segue pelas estradas quase inóspitas dos E.U.A, tendo como objetivo chegar até o oeste do país, onde acredita haver uma pequena população.

Porém, Eli encontra durante seu caminho um tal Carnegie (Gary Oldman, excelente como sempre, mostrando um talento interessante como vilão) que deseja algo que Eli possui em seu poderio: um livro que pode salvar a humanidade das ruínas em que se encontra.

E, a partir daí, Carnegie fará de tudo para ter o livro em seu poderio: mesmo que, para isso, precise matar Eli.

A fotografia do longa retrata o que o filme tenta passar: a solidão e tristeza com que os pouquíssimos sobreviventes a catástrofe tentam superar.

A direção, a cargo dos irmãos Hughes, é realizada com maestria: eles começam a contar a história sem pressa, com poucos diálogos, e emocionantes cenas de ação.

O cenário também é muito bem elaborado, com vastas locações desérticas, carros destruídos e construções despedaçadas, contribuindo para a construção de um ambiente devastado e em ruínas.

A junção de todos estes fatores fazem de O Livro de Eli um filme marcante: ATÉ CERTO PONTO.

Para mim, o fim previsível ao ponto que descobre-se a natureza do livro é muito ruim, porque apela demais e apenas para a religiosidade.

De forma praticamente inexplicável, a produção deixa de ser uma interessante visão sobre um futuro pós-apocalíptico para se tornar uma descarada panfletagem religiosa cristã, como se tivesse o objetivo de conquistar mais fiéis seguidores.

Devido ao fim previsto, O Livro de Eli perde alguns pontos, mas não o suficiente para desmerecer a muito bem-feita direção dos irmãos Hughes.

Esperamos mais trabalhos que conseguem ser intrigantes e repletos de comoção e ação como neste longa, muito bem combinados, e que não são tão comerciais como 2012.


Nota: 8.5